terça-feira, 8 de janeiro de 2019


mercado central, juazeiro do norte, 2017

arranca o canto do lábio
ou o meio do peito
ou de outro canto

toca com os lábios
(de cima ou de baixo)
a pele que se banha naturalmente
na urgência de existir ali

some tudo
há tudo
há, mas não precisa ser
não se torna, é

espasmo lento
frenético
vulgar
sagrado
solar e do solo
ser só
existencialismo de superfície
reflexo
refletindo tudo o que se mostra
(quase nada)
ser em fragmento
e fragrância:
o cheiro diz mais que a boca

água viva, desenho e pintura, 2018

foi-se tanto que voltou a ser

eu, que sinto as pernas fraquejarem em lugares sem a luz do sol - de um fraquejar diferente de quando encontro os olhos teus  
queria que viver fosse uma figura geométrica enorme
e que em todos os lados houvesse você

e eu te olhando, com os olhos, com as mãos
e teu sorriso, com a força de derrubar qualquer muralha 
esperando pra passear por todos os céus: da boca, do estômago, de cima, de lá, daqui

domingo tem cheiro de teu sorriso e cara de sorvete 
as luzes artificiais, que me dilaceram o peito, aos domingo fazem bichinhos dançar dentro de mim (talvez as borboletas amarelas de gabo) 
domingo tem teu cheiro e teu gosto, 
luzinhas brilhando de todas as cores
porque eu te guardo na ponta dos dedos e todo brilho me lembra você

no quieto da noite te quero, lindo como numa manhã de domingo - e todas as outras
amor de duas rodas e de vermelho
te quero como a um livro de poesia que vem de dentro

dentro de mim as borboletas e, vez em quando, você
te quero voando e pintando o mundo com tudo que cria
com você eu quero um weekend love
com você eu danço a semana inteira 
com você todas as coisas do mundo,
hoje.
com você.


(thamyres de souza)

horto, juazeiro do norte, 2017